Ao ler o livro, é como se eu me lembrasse de coisas que inconscientemente eu já sei, mas que eu nunca tinha lido em nenhum outro lugar com uma linguagem tão clara como a usada por Alexander. Tenho certeza de que a metodologia que eu vou desenvolver no meu doutorado terá relação com a linguagem dos padrões criada por ele.
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Na tentativa de explicar a "maneira atemporal" de construir, o autor divide o livro em três partes: a qualidade central, o portal e a maneira atemporal.
- a Qualidade. Neste bloco Alexander fala numa qualidade que é objetiva e precisa, mas que não tem um nome. Esta qualidade é o principal critério da vida de um homem, de uma cidade, de um edifício ou de uma floresta. É o que todo e qualquer ser humano busca primordialmente: momentos e situações em que se sinta vivo.
Para definir esta qualidade em edifícios ou em cidades, é necessário começar por entender que todo o lugar tem o seu caráter definido por determinados padrões de eventos que são reincidentes. Tais padrões podem estar vivos ou mortos. À medida em que estão vivos, têm o poder de liberar nossas forças internas e nos tornar livres. Quando estão mortos, nos mantêm presos em nossos conflitos internos.
Quanto mais padrões vivos há em um dado espaço, mais ele funciona segundo um todo e mais ele tem o fogo auto-regulador que o mantém vivo. Quando um edifício possui esse fogo, então ele passa a fazer parte da natureza e a ser governado por um jogo infinito de repetição e variação, criado na presença do fato que todas as coisas são passageiras.
- o Portal. Para alcançar a qualidade sem nome é preciso construir uma linguagem de padrões viva, que funcione como um portal. Tal qualidade não pode ser feita, mas apenas gerada indiretamente, através de ações ordinárias de pessoas.
As pessoas podem construir casas por si mesmas e têm feito isto por centenas de anos, usando o que Alexander chama de linguagens de padrões. Uma linguagem de padrões dá a qualquer pessoa o poder de criar uma variedade infinita de novos e únicos edifícios, assim como a linguagem ordinária dá o poder de criar uma variedade infinita de frases.
No entanto, o domínio desta linguagem não resulta necessariamente em edifícios vivos.
Houve uma interrupção no uso da linguagem em nossos tempos. Como os padrões não são mais compartilhados, o processo pelo qual eles são mantidos vivos foi interrompido, de modo que hoje é virtualmente impossível para qualquer pessoa, na atualidade, fazer um edifício vivo.
Para recuperarmos uma linguagem viva e que possa ser compartilhada, nós precisamos aprender a redescobrir os padrões que possuem vida e que podem gerar vida.
Ao testar tais padrões através da experiência, nós podemos determinar, de uma maneira muito simples, quais os padrões capazes de gerar vida ou não - à medida que reconhecemos como nos sentimos perante eles.
- a Maneira Atemporal. Uma vez construído o portal, é possível passar por ele através da prática da maneira atemporal. Se há uma linguagem de padrões comum em uma cidade, as pessoas devem ter o instrumento e o poder que precisam nas mãos para fazer ruas e casas vivas, através das mais ordinárias ações.
A linguagem, assim como uma semente, é o sistema genético que vive de milhões de atos pequenos e que tem o poder de formar um todo.
Através deste processo, cada ato individual é um processo no qual o espaço gerado torna-se diferenciado. Não se trata de um processo de adição, no qual as partes pré-formadas são recombinadas para formar o todo, mas de um processo de desdobramento, como a evolução de um embrião, no qual o todo precede as partes, e dá vida a elas.
O processo de desdobramento acontece passo a passo, com um padrão de cada vez. Cada passo dá vida a um só padrão; e a intensidade do resultado depende da intensidade de cada um desses passos individuais.
De uma seqüência de padrões individuais, edifícios inteiros com um caráter natural serão criados segundo seus pensamentos, com a facilidade que se cria frases. Tais ediícios podem ser construídos diretamente, sem a necessidade do uso de desenhos. Diversos atos de construção e reconstrução gerarão lentamente um todo maior e mais complexo que cada ato poderia gerar individualmente. Milhões de atos construtivos individuais gerarão conjuntamente uma cidade viva, e imprevisível.
The Timeless way of building, 1979* (tradução livre do texto de Dirk Donath)
http://gonzo.uni-weimar.de/~donath/c-alexander98/ca98-html.htm
Esse livro descreve a "qualidade sem nome". Ao terminar a síntese do livro "A Pattern Language", Alexander tenta examinar o planejamento e o projeto como um processo fundamental e universal. O autor descreve então a "fabricação" de um "todo", que possui uma "qualidade sem nome".
Os temas tratados no livro são:
a qualidade: | o portal | o caminho |
... é objetiva e precisoa, mas não pode ser nomeada, está ligada às ações cotidianas do ser humano, é uma parte de nós, é parte da natureza, é determinante para que nos sintamos bem e livres. | uma linguagem dos padrões viva como um portal, um portal para a qualidade, está relacionado às ações cotidianas das pessoas, atualmente está esquecida - é importante redescobrir o portal, importante é desenvolver uma linguagem própria e sensível ao lugar. | ... a linguagem nos dá forças para formar o todo, não se trata de adição, mas de gênese, definir o projeto no próprio lugar para o qual se projeta (sem desenhar diretamente no papel) esse caminho é algo que é intrínseco a nós |
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