Texto de Peter Schwehr*:
Segundo Rittel, o conhecimento é a base de qualquer ação ou decisão.
Quem age, precisa conhecer:
• aquilo que é a questão (conhecimento fático);
• aquilo que a questão deveria ser ou deveria tornar-se (conhecimento deôntico, ideológico, visionário);
• como a questão pode ser modificada (conhecimento instrumental);
• as conseqüências (ou as conseqüências prováveis) e os motivos de uma questão (conhecimento explicativo, justificativo).
O conhecimento instrumental pressupõe o conhecimento fático e o conhecimento explicativo. A estruturação da área do conhecimento através da formulação de perguntas possibilita a criação de um campo de saber que é necessário para a solução de problemas (por exemplo normas e conhecimento técnicos). A combinação de diversas áreas de conhecimento permite gerar soluções para as tarefas postuladas.
Ao reconhecer o problema, o planejador usará, de um lado, a sua própria competência e experiência profissional (interno) e, de outro lado, ele procurará conscientemente, fora do seu repertório existente (externo), informações capazes de auxiliá-lo na solução do problema.
Tanto as informações externas quanto as internas serão filtradas, avaliadas e organizadas num contexto. Isso requer, além da capacidade de percepção, análise e interpretação, o esforço de ordenar as informações segundo temas diferentes, propondo as interrelações entre elas. A ativação da capacidade individual de associação - segundo Zumthor, a "inspiração" («die Eingebung») - compreende a combinação de diferentes noções arquitetônicas e a concepção de variedade.
"Projetar significa em grande parte entender e ordenar. No entanto, é apenas através da emoção e da intuição que emerge o verdadeiro cerne da arquitetura que se busca, penso eu" (Peter Zumthor, 1998).
Desse modo, a ação criativa é marcada de emoções e inspirações. Entretanto, só agir de modo criativo não basta; um edifício, que não cumpre suas funções (técnicas, urbanísticas e de uso) não pode ser considerado um resultado bem-sucedido do processo projetual. O arquiteto deve ser capaz de estimar as conseqüências das suas escolhas e decisões. Isto requer um pensamento interdisciplinar no qual ele deve levar em consideração as demais disciplinas (engenharia civil, engenharia hidráulica, etc.) envolvidas no processo de concepção de um edifício. Nesse ponto, a idéia do espaço imaginado é abandonada para que as variáveis fixas sejam discutidas entre os especialistas no nível do planejamento real.
O arquiteto irá, entrando em acordo com o seu cliente, eleger as variantes projetuais mais adequadas. Os critérios de eleição, bem como a tomada de decisão final, são uma opção individual do planejador - e por conta disso não-objetiva. Tais critérios são separados dos critérios dos demais participantes do projeto intersubjetivamente. O arquiteto deve então assumir a responsabilidade pela sua decisão e não pode ter uma posição neutra.
*Esse texto foi livremente traduzido do capítulo 3 da tese de doutorado de Peter Schwehr: Lösungsvarianten im Entwurfsprozess em "Ein entwurfsbezogenes Orientierungssystem : Analysieren, Speichern und Aufrufen von entwurfsbedingter Information in erlebter und publizierter Architektur", 2004. A tese pode ser baixada do endereço: http://elib.uni-stuttgart.de/opus/frontdoor.php?source_opus=1966&la=de
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