Thursday, April 28, 2011

This will blow your mind!

A very unique example on how apparently conflicting infrastructures can coexist. Harmonically.

I quite get to smile innerly when I think about how damn "forbidden" this would be here in Germany.

But, the Germans like it or not, it works, and it works beautifully.

A precious input for my PhD thesis and for landscape urbanism, infrastructural landscape, infrastructural urbanism, or whatever you feel like calling it.

PS: The shortfilm is unfortunately no longer available in YouTube. Search for "The Market" by Terje Sorgjerd.

Tuesday, April 19, 2011

Os anéis viários e as avenidas radiais de São Paulo

Ainda da tese do Fernando ("A Construção do Caminho", 2005), discorrendo sobre os anéis e avenidas da cidade, ele discute que a lógica estruturadora do território paulistano é diferente daquela proposta por Prestes Maia. Foi a partir do sistema de rios e córregos que alimentam a bacia hidrográfica de São Paulo que a metrópole se organizou: sobrepondo as avenidas aos fundos de vale.

"As mudanças mais determinantes se referem aos demais segmentos que fechariam o anel exterior previsto pelo Plano de Avenidas. Na década de 70, optou-se por desdobrá-lo em dois anéis distintos, os atuais Mini-anel e Anel Viário Metropolitano, que compartilham as avenidas marginais. Sua importância para a lógica dos fluxos metropolitanos é inquestionável. Mas, quando concluídos, a metrópole já se encontrava plenamente consolidada, o que dificulta a aceitação da idéia de que tais vias tenham operado na estruturação de São Paulo, ou mesmo de que São Paulo se estruture a partir de uma sucessão de anéis perimetrais.

Fonte da imagem: http://www.usp.br/fau/docentes/depprojeto/c_deak//CD/5bd/1rmsp/plans/h2pl-av/pl-av.jpg

O mesmo não ocorre em relação às vias radiais. É verdadeiro afirmar que toda a estrutura viária da cidade que se implanta após a elaboração do Plano de Avenidas reafirma o modelo radial preexistente e estabelece a articulação entre um centro único e a periferia dispersa, sejam bairros suburbanos, sejam municípios vizinhos. Um feixe de vias radiais convergentes a esse centro de fato estruturou todos os principais fluxos e, conseqüentemente, acompanhou o desenvolvimento da metrópole. Mas também é necessário olhar com atenção para esse conjunto de vias.

Antes mesmo da elaboração do Plano de Prestes Maia, as radiais já eram uma estrutura consolidada a partir da rede de caminhos que, a partir do triângulo histórico, buscavam o contato com os arredores da cidade. O modelo proposto não era, portanto, arbitrariamente imposto, mas derivado de uma análise da conformação urbana herdada pela cidade. O desenho radial não seria apenas o “systema ideal de ruas” mas também “justamente o que possue São Paulo” (SOMECK, 2002:62). No entre rios, os antigos caminhos originalmente procuraram as áreas mais elevadas, mais precisamente as linhas de cumeeira das colinas associadas ao espigão central. Nessa situação estão a Avenida Liberdade, a Avenida Brigadeiro Luis Antônio, a Rua Teodoro Sampaio e a Avenida Domingos de Morais, que são eixos a partir dos quais se organizam os bairros adjacentes e os fluxos intra-urbanos de passagem.

A peculiaridade do Plano de Prestes Maia residiu na decisão de ganhar os eixos de fundo
de vale para neles implantar as novas radiais necessárias para estruturar a expansão da
cidade. Um dos principais feitos de Prestes Maia, o Sistema Y, composto pelas avenidas
Tiradentes, 9 de Julho e 23 de Maio, relaciona-se diretamente aos níveis das terras baixas. Em vez de buscar a superação dos vales por um numeroso conjunto de viadutos dispostos no sentido transverso aos mesmos, o modelo implantado acabou por privilegiar a implantação de avenidas de fundo de vale, associando o transporte à mesma lei de mecânica de fluidos que rege as águas da cidade: quanto mais largo e extenso um vale, maior a contribuição de sua respectiva bacia e maior a capacidade de carregamento do seu eixo principal.

O paradigma rodoviário defendido com ardor por Prestes Maia criou pontos de inflexão ao desenvolvimento urbano, originalmente impulsionado pelo sistema sobre trilhos, porque privilegiou acintosamente uma técnica em detrimento de outra. Acarretou transformações urbanas induzidas pelas características intrínsecas à técnica dos sistemas de transporte sobre rodas, sobretudo a dispersão espacial, a desregulamentação do serviço e o predomínio do transporte individual sobre o coletivo. Mas, com a mesma força que promoveu a substituição do sistema sobre trilhos pelo sobre rodas, reafirmou o processo iniciado pelo sistema anterior de transformação e ocupação das várzeas.

Vale lembrar que o padrão de ocupação dos fundos de vale prosseguiu inalterado ao longo do tempo. O setor entre-rios recebeu as avenidas Sumaré, Pacaembu, Juscelino Kubitsheck, Bandeirantes, Águas Espraiadas, Roque Petroni. Reforçou-se, no setor além-Pinheiros, a importância dos antigos caminhos regionais junto aos córregos do M’boi Mirim e do Pirajuçara e com a construção de novas avenidas de fundo de vale, como a Eliseu de Almeida e a Avenida da Escola Politécnica. O setor além-Tietê desde sempre se organizou pelas avenidas que, seguindo o leito dos inúmeros córregos presentes, ganham o pé da Cantareira, entre elas as avenidas Luis Dumont Villares, Eng. Caetano Alvares, Inajar de Souza, João Paulo I, General Edgar Facó. O setor além-Tamanduathey, a partir da década de 70 vem sendo sistematicamente reorganizado pela importância crescente das avenidas Salim Farah Maluf, Aricanduva, e Jacu-Pêssego.

Todos esses importantes sistemas viários articulam-se com os eixos das marginais. Os anéis viários também se sobrepõem aos fundos de vale, inclusive e sobretudo nas marginais. Essa constatação corrobora a idéia de que, se olharmos para a área da Grande São Paulo em sua totalidade, e desde o ponto de vista viário, percebe-se que a metrópole se organiza a partir da rede de avenidas de fundo de vale correspondentes à estrutura tronco-alimentadora da bacia hidrográfica de São Paulo. Isto remete a um outro diagrama estruturante, muito distinto do de Prestes Maia." (Mello Franco. F, 2005)

Limpando a barra de Prestes Maia

Trecho interessante da tese do Fernando de Mello Franco ("A Construção do Caminho", 2005):

"Prestes Maia, em sua segunda gestão como prefeito, conseguiu dar início à construção das marginais, cujo impulso definitivo se deu na gestão Faria Lima (1965/1969). A feição das marginais foi bastante alterada entre sua concepção e sua realização, de maneira que não correspondem exatamente às proposições contidas originalmente no Plano de Avenidas. Enquanto o Plano inicial concebia um conjunto de inter-relações entre sistema viário, formas de aproximação ao rio e princípios urbanísticos de ocupação das margens das vias por edifícios de usos diversos, as avenidas construídas resultam de uma visão estritamente funcional. Concretizaram-se enquanto sistemas especializados e autônomos das formas de urbanização das suas áreas lindeiras." (Mello Franco, F. 2005)